Devido a uma guerra fatídica que assolou a capital guineense em 1998, conhecida como guerra de 07 de Junho, que ceifou inúmeras vidas inocentese fez milhares de deslocados e refugiados. Edviges Renée Tavares Freire Monteiro Lima, como outrostantos guineenses, viu-se forçada à refugiar para Portugal, tinha apenas 12 anos de idade.

Hoje com 37 anos de idade, ou seja, 25 anosdepois de ter deixado para trás o país que a viunascer, a pátria que albergou o seu umbigo, a comunidade que a viu crescer e consequentemente, uma parte da sua infância e história. Portanto, forammais de duas décadas de saudades da sua terra natal. Quis sempre regressar, mas as vicissitudes da vida levou-a a re-emigrar com a família para Escócia, onde vive desde 2014, à procura de melhorescondições. Nesse primeiro regresso à sua terra natal,quis trazer um pedaço de céu azul, amor e alegriaàs crianças e jovens do seu bairro e, assim aconteceu.

É caso para dizer, Festas kontra nan son, umafeliz coincidência, ontem, as ruas, vias e artérias de Bissau estavam ao rubro, a barrotar de gentes de todas as cores, raças e religiões, entuando cânticos de vitória, numa festa da Democracia, depois de conhecido os resultados eleitorais que teve lugar no passado dia 04 de Junho, onde o povo guineense, mais uma vez, foi chamado a demonstrar ao mundo a sua maturidade cívica e democrática.

Foi nesse ambiente de Festa que uma filha da mamã Guiné, Edviges Renée Tavares Freire Monteiro Lima, Kanafistra ETL, entregou váriosequipamentos de futebol (camisolas, calções, meias, algumas botas e coletes). A cerimónia aconteceu na presença de largas dezenas de moradores do BairroKlelé e uma Academia de futebol de Missira. Importa sublinhar que o respectivo donativo foramdoados pelas seguintes entidades:

Football National,

Grant Marshal e o

– Clube do futebo, Edinburgh South, em Edimburgo, Escócia, onde o seu filho, Carlos Augusto Tavares Lima, joga e o seu marido, o Escritor, Poeta e Agente Literário, Emílio Tavares Lima é treinador.

No entanto, Edviges e o Emílio queriamaproveitar esta oportunidade para, mais uma vez,agradecer às entidades acima mencionadas pelosdonativos e igualmente agradecer o segundotreinador da equipa do seu filho e amigo do Emílio, Paul Gilmour, pela sua inolvidável ajuda na angariação desses donativos e ao Severiano Freire Monteiro por nos ter proporcionado a oportunidadede ajudar as crianças e jovens de Klelé.

Por outro lado, importa referir que grande partedo donativo que receberam ficou em Edinburgh. Pois, devido ao elevado custo de envio, não podiamos enviar tudo de uma única vez, mesmo a quantidade que Edviges conseguiu levar à Guiné-Bissau, foi necessário recorrermos a ajuda dos familiares para conseguirmos cobrir as despesas de transporte da Escócia para Portugal e de Portugal à Bissau. Assim sendo, nosso muito obrigado a todos os familiares que direta ou indiretamente ajudaramtornar esse sonho em realidade.

Para finalizar, queremos sublinhar o quãogratificante é pudermos usar os nossos privilégiospara minimizarmos as dificuldades das pessoas maisnecessitadas. Acreditamos que não recompensamaior que poder estampar a alegria, a felicidade e um sorriso largo e rasgado nos rostos das crianças das nossas comunidades. Parafraseando o saudosofundador da nacionalidade guineense e cabo-verdiana, o Engenheiro Amílcar Lopes Cabral: “as crianças são as flores da nossa luta é a razãoprincipal do nosso combate”.

Por: Emílio Tavares Lima