Entre 27 e 31 de março de 2024, decorreu o DJINTIS, Festival Internacional de Artes Cénicas de Bissau, que dedicou a sua primeira edição à TERA/TERRA. Ao longo de 5 dias reuniu companhias e artistas de 8 países, junto de um público entusiasta de cerca de 1160 espetadores num total de 28 eventos.
Enquadrado no projeto Ur-GENTE, Centro de Artes Cénicas Transdisciplinar de Bissau, o DJINTIS acolheu artistas e companhias de vários países e as produções internas, cocriadas entre as entidades parceiras e o coletivo de formandos do respetivo projeto. A programação principal dividiu-se em 3 palcos – Ur-GENTE, Centro de Artes Cénicas Transdisciplinar de Bissau; Centro Cultural Franco Bissau Guineense; e Centro Cultural Português. Fora dos palcos, ocupou a Ama Tenda Lúdica – AMATL, o auditório da Residencial Coimbra e as ruas de Bissau. A programação integrou espetáculos, residências artísticas, formação e conversas profissionais, potenciando a criação de redes de colaboração e a internacionalização das artes cénicas, num total de 28 eventos, ligados pela arte e afetos.
A abertura do Festival, decorreu a 27 de março, Dia Mundial do Teatro, contou com a presença da Diretora Geral da Cultura da Guiné-Bissau, Cynthia Cassamá, com a Chefe de Cooperação da União Europeia, Madeleine Onclin, com o Presidente da Câmara Municipal de Bissau, José Medina Lobato, e ainda com a coordenadora do projeto Ur-GENTE (ONGD VIDA) e Diretora Artística do Festival, Carolina Rodrigues, que destacaram a importância deste evento para potenciar e divulgar a cultura do país, assim como criar encontros e pontes com companhias e redes de teatro de todo o mundo.
Dois grupos guineenses – Grupo de Mandjuandi Harmonia de Luanda e Netos de Bandim –, inundaram o espaço Ur-GENTE de cores e de celebração com música e dança tradicional para dar início o Festival. Seguiu-se uma performance multidisciplinar – “Cenas da Terra” – fruto da colaboração do coreógrafo e bailarino Ernesto Nambera (Guiné-Bissau) e do artista transdisciplinar João Rapozo (Portugal), fechando com a leitura da Mensagem do Dia Mundial do Teatro de 2024, por João Branco, da autoria do escritor Jon Fosse, condensada na frase “Arte é paz”.
Iniciada na noite do dia 27, prolongando-se até 31 de março, a programação destacou-se pela sua diversidade, cruzando estéticas, afetos, línguas e públicos de diferentes faixas etárias. Ligando a criação artística tradicional e contemporânea local à cena artística internacional, deu especial ênfase a produções, criadores e agentes que atuam nos nossos territórios comuns, crioulos, lusófonos e francófonos.
Os espetáculos internacionais sobressaíram pela multiplicidade de géneros artísticos, temáticas e naturezas, ocupando espaços formais e informais da cidade: “As Palavras de Jó”, trazidas pelo Saaraci Coletivo Teatral (Cabo Verde, Brasil, Portugal); “Yé!”, trazido por Circus Baobab; “Pokou” pela Compagnie Minart (Guiné-Conacri); “Cabral, A Última Lua de Homem Grande”, uma coprodução de Sikinada (Cabo Verde) e Art’Imagem (Portugal); “Le Musée” da Compagnie Bou-Saana (Senegal); “A Descoberta das Américas”, trazida por Julio Adrião (Brasil); “PaPI Opus 8” e “Dooo Ba Wooo”, da Companhia de Música Teatral (Portugal); “Punch the Sky”, uma leitura encenada preparada em residência artística com atores locais, por Mark Norfolk, representando a Companhia de Teatro TICAVE (Inglaterra, Cabo Verde, Dinamarca e Guiné-Bissau); “MamaFesto”, uma performance de Karoline Banke (Dinamarca). A nível nacional, a programação incluiu: “Desordem” pelo Grupo de Dança Contemporânea da Guiné-Bissau; “Kaminhu pa Matu Sagradu” pelo coletivo artístico Katchu, Pátio de Artes; “ContaComunidade” e “Cabrales”, por Atchô Express, “Caminho Verde para a Reconciliação” do Teatro de Estudos Africanos. Incluímos ainda a dança tradicional dos fervorosos Netos de Bandim e os sons da mandjuandadi trazidos pelo Grupo Harmonia de Luanda.
O festival também foi o momento para voltar a partilhar com o público as produções internas, criadas no seguimento dos processos de formação e criação, desenvolvidos pelos 3 parceiros de Ação financiada pela União Europeia Ação cofinanciada e gerida pelo Camões, I.P. projeto, Companhia de Música Teatral (CMT), Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo (ALAIM) e GTO Bissau – Grupo de Teatro do Oprimido, com o coletivo de cerca de 80 formandos, do ramo artístico e dos ramos técnicos de cenografia, vídeo, luz e som, nomeadamente: “Saltimbancos”, uma cocriação da ALAIM com o coletivo Ur-GENTE; “Conferência dos Pássaros” e “Kaminhu Lundju”, uma cocriação da CMT com o coletivo Ur-GENTE; “Flor umanu ka tem prés”, uma cocriação do GTO com o coletivo Ur-GENTE.
Em paralelo, decorreram Conversas Profissionais, mediadas por Alejandro de los Santos, com o objetivo de fortalecer redes de programação, produção e circulação artística, a nível nacional e internacional, bem como apoiar a criação artística no feminino. A nível nacional, a conversa sob o tema “Criar em rede: lugares de criação, lugares de relação”, decorreu com a presença de Carolina Rodrigues, em representação do Ur-GENTE, Centro de Artes Cénicas Transdisciplinar de Bissau, Filipa César, em representação da Mediateca Abotcha, João Carlos Sila e Karoline Banke, em representação do Katchu, Pátio de Artes, Ector Diogens Cassamá, em representação dos Netos do Bandim, Atchô Express e Maria Mendes.
A nível internacional, a conversa sob o tema “Festivais de teatro: da sua génese à criação de redes” contou com a participação de Bilia Bah, Diretor Artístico do Festival Univers des Mots, João Branco, Diretor Artístico do MINDELACT e Carolina Rodrigues, Diretora Artística do DJINTIS. O ciclo de conversas finalizou, com o tema “Matchundadi e/ou liberdade: criar e internacionalizar no feminino”, que reuniu Elsa Djata, em representação do projeto Mindjer Poilon desenvolvido pela PELE, Mamadu Alimo Djalo, em representação do projeto MUNTU (contrariar o machismo) e Karoline Banke.
O festival também contou com momentos de formação e de residência artística, desenvolvidos por Helena Rodrigues, Júlio Adrião e Mark Norfolk, destinados a educadores, professores, crianças, atores, atrizes e curiosas/os!
O último dia, 31 de março, terminou em celebração com uma parada festiva, simbolicamente iniciada junto do busto de Amílcar Cabral, no Porto de Pindjiguiti, percorrendo as ruas de Bissau Velho até ao espaço Ur-GENTE, onde os últimos espetáculos, ovações e palavras emocionadas, encerraram a primeira edição, sonhando já com o futuro!
“Para uma árvore crescer, viver, dar fruto, semente, ou outra árvore, é uma grande luta.” Amílcar Cabral
Sobre o projeto Ur-GENTE, Centro de Artes Cénicas Transdisciplinar de Bissau
O festival DJINTIS foi promovido no âmbito do projeto Ur-GENTE, Centro de Artes Cénicas Transdisciplinar de Bissau, implementado pela ONGD portuguesa VIDA, com mais de 30 anos de experiência em projetos de cooperação para o desenvolvimento neste país.
Ação financiada pela União Europeia Ação cofinanciada e gerida pelo Camões, I.P. O projeto está enquadrado na ação PROCULTURA, financiada pela União Europeia, gerida e cofinanciada pelo Camões I.P., envolvendo três países e uma rede de organizações parceiras: da Guiné-Bissau, o GTO – Grupo de Teatro do Oprimido; de Cabo Verde, a ALAIM – Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo; e de Portugal, a Companhia de Música Teatral.
O DJINTIS contou, ainda, com o apoio financeiro do Institut Français.
A programação do DJINTIS teve a Assistência Técnica de Alejandro de los Santos e o festival contou com a Direção Técnica de Pedro Fonseca e Rui Oliveira.
LINKS ÚTEIS
Website projeto Ur-GENTE: https://urgentebissau.com
Página dedicada ao DJINTIS: https://urgentebissau.com/festivaldeteatro
Instagram: @ur_gente_bissau
Facebook: @UrGENTE.bissau
Website ONGD VIDA: https://vida.org.pt
Instagram: @vidaongd
Facebook: @vidaongd
MAIS INFORMAÇÕES
GW: Carolina Rodrigues (ONGD VIDA) | Coordenadora do projeto Ur-GENTE e Diretora Artística do DJINTIS carolina.rodrigues.vida.gb@gmail.com | +245 95 626 90 64 (telemóvel e WhatsApp)
PT: Ana Margarida Vaz (ONGD VIDA) | Responsável de Comunicação ana.vaz@vida.org.pt | +351 91 708 44 79 (telemóvel e WhatsApp)