No passado dia 24 de Janeiro de 2022 os músicos guineenses denunciam maus tratos durante a viagem do EXPO DUBAI 2021.
Por Juca Delgado:
Carta Aberta à Nação
Expo Dubai 2020
Nunca os músicos foram tão desrespeitados e mal tratados em todo o
processo da representação do país como na Expo Dubai 2020.
Sou Juca Delgado, Músico, Produtor musical e de Eventos, actualmente
professor de música, quem resolveu escrever esta carta, triste carta, na
posição de director artístico da banda representativa da Guiné Bissau,
para a Expo Dubai.
Quero deixar claro que, muitos dos que fizeram parte deste grupo de
trabalho, estão solidários comigo.
Fomos convidados para a expo, mas nunca pensei que um dia poderia eu
e todos os envolvidos serem tão mal tratado e tão desvalorizados, como
pessoas e como profissionais que somos.
Não gostaria de alongar muito, porque para muitos outros pormenores,
temos as redes sócias para expor e denunciar aquilo que tem vindo a ser
prática a muito tempo. Isso, com um grande objectivo de defender os
artistas vindouros, para que ninguém lhes faça sentir tão pequenos e
insignificantes nesta nossa república, nossa mãe Guiné Bissau.
Felizes, porque íamos representar o nosso país a nossa bandeira, mas no
fim de contas, a frustração foi um balde de água fria sobre todos nós.
Todos sem excepção. Tanto os que associaram os nomes a esta
reivindicação como os que virão preferir não faze-lo.
Passo a citar os pontos que não foram cumpridos:
1. Contrato de palavra, em que receberíamos pelo menos 15 mil
dólares como preço base, na esperança de que ela a Comissária,
engendraria esforços para conseguirmos mais.
2. Quebra unilateralmente de contrato assinado de 13 mil dólares, por
parte da Comissária, para no fim nos pagar 7.500 dólares.
3. O Dj Mandas e a cantora Iragrett Tavares, foram descartados
simplesmente porque supostamente, a organização da Expo Dubai
exigiu que só poderíamos ter 11 músicos em palco. Com isso, a
comissária tomou ela a iniciativa de dizer que o DJ Mandas e a
Iragrett já não iriam à expo e nem receberiam o cachet combinado.
E ainda mais, o Mandas que estava na Guiné, ensaiando para juntos
seguirmos à Dubai, já não teria nem sequer a passagem para sair do
país.
4. Abandono no aeroporto do Senegal tanto na ida como no regresso.
Nunca nos disseram que não teríamos assistência durante aquelas
12horas de espera na ida, ou de mais de 24 horas de escala no
regresso.
5. Desleixo na prestação de assistência médica e solidária com dois
dos elementos que testaram positivo em Dubai. Fomos deixados
praticamente á nossa sorte. Qualquer necessidade que nos
prestaram, foram conseguidas a “ferro”. Pois entendiam que não
tinham nenhuma responsabilidade connosco. Todas as nossas
necessidades eram recebidas do lado do comissariado como sendo
responsabilidade da organização da Expo e não deles que nos
levaram para representar o país.
6. A cantora Ammy Injai que toma medicamentos de alta pressão
arterial, ela leva os medicamentos contando com os dias que
iríamos lá ficar. Ao testarmos positivo (Ammy Injai e Juca Delgado)
pedimos assistência médica que o comissariado negou, dizendo que
não havia médicos disponíveis na expo. A Ammy que precisava de
uma receita nunca foi atendida no seu pedido, porque era preciso
um seguro para o médico passara receita, segundo a comissária. Por
fim teve que pagar os seus medicamentos (compraram-na
medicamento que não servia) e sugeriram ela tomar mesmo assim.
Tivemos que ir a um hospital, pagamos nós o táxi sem nenhum
acompanhamento dos elementos do comissariado.
Para dizer que, a maioria das conversas e pedidos que fizemos, foi junto
da filha (Djanaína), e não com a própria comissária, que “não tinha tempo
para nós”.
Percebemos também que: a actuação musical não era prioridade nem
importante para a comissária da expo Dubai a Exma Sra. Francisca Maria
Silva Vaz “Zinha Vaz”. Em anexo juntamos os email’s que comprovam
tudo.
Para fechar este lamento digo: NUNCA VI NADA IGUAL, ESPERO NUNCA
MAIS VER NADA SIMILAR.
Junto em anexo, o nosso contrato e a troca de email para comprovar as
“minhas eventuais mentiras e simples calúnias”.
O nosso muito obrigado à todos, pela atenção dispensada.
Pedro Joaquim Hopffer Martins Delgado
(Juca Delgado)
Músico, Produtor e Professor
Natural de Bissau, 58 anos de idade de nacionalidade única, a Guineense.
_______________ Juca Delgado
Falta de responsabilidade. Os artistas, no seu todo, são ícones nacionais. Portanto, devem ser respeitados e merecem trato.
Com essa comissária, estavam a espera de quê ?! Também serviu de lição, da próxima vez aprendem a não embarcar em aventuras sem as minimas garantias.